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Renato de Castro

Os nossos brasileirinhos estão conquistando o mundo pela robótica

Renato de Castro

27/08/2019 04h00

O Desafio do Robô é uma das quatro categorias do torneio. Foto: CNI

Semana passada estive rapidamente na belíssima cidade de Hong Kong. Deixando de lado os problemas políticos pelos quais eles estão passando, esse lugar ainda continua mágico para mim. Aproveitei para visitar a loja conceitual da Lego e, claro, fiz um vídeo bem legal para vocês. Todo ano a empresa promove desafios mundiais para crianças de 09 a 16 anos, voltado para alunos de escolas públicas ou particulares. Grupos de amigos também podem montar seus times, são as chamadas "equipes de garagem". No Brasil, desde 2013, o SESI (Serviço Social da Indústria) é o operador oficial da competição nas etapas regionais e na nacional.

Para a temporada 2019/2020 o tema proposto é o City Shaper: construindo cidades inteligentes e sustentáveis. A ideia (que eu amei) é estimular os alunos a buscar soluções inovadoras para problemas dos centros urbanos. O desafio será apresentado a estudantes de São Paulo, hoje, terça-feira (27), no WTC, na capital paulista, no primeiro evento de divulgação da nova temporada e eu estarei lá pessoalmente!

Em cada torneio, os estudantes são avaliados em quatro categorias. Uma delas é o Desafio do Robô, quando os estudantes colocam os robôs de Lego para cumprir determinadas missões. Para isso, o robô pode capturar, transportar, ativar ou entregar objetos na mesa de competição. Os robôs, projetados e construídos pelos próprios alunos, também são avaliados na categoria Design do Robô. Os times podem utilizar sensores de movimento, cor, controladores e motores. Os juízes levam tudo isso em consideração, além da estratégia e programação.

Na temporada passada, com o tema Into Orbit (Em órbita), os brasileiros conquistaram 33 prêmios no Mundial de Robótica, em Houston (EUA), no torneio de Arkansas (EUA), no Aberto Internacional da Turquia, no Aberto de Robótica do Uruguai, Aberto de Robótica do Líbano, no Aberto de Robótica da Austrália (Ásia Pacífico) e no Aberto de Robótica de West Virgínia (Estados Unidos). Desde 2013, o Brasil já soma 66 prêmios internacionais.

Eu acredito muito nesta estratégia de promover a mudança de mentalidade na sociedade. Estamos vivendo o início de um novo momento na História mundial e no desenvolvimento da sociedade. Os avanços tecnológicos, a evolução da Inteligência Artificial (AI) e a mobilidade cada vez maior das pessoas são apenas algumas faces de um movimento transformador que parece ser cada vez mais acelerado. Já temos muitas perguntas sobre como será o amanhã, mas poucas respostas.

O que sabemos com certeza é que precisamos nos adaptar rapidamente às mudanças e preparar as novas gerações para o que virá. Esse enigma de preparar pessoas para um futuro que não conhecemos coloca em xeque, por exemplo, todo o modelo atual de educação, que se baseia na acumulação de conhecimento. Hoje, porém, é muito fácil obter informação (basta acessar o Google): o difícil é discernir o verdadeiro do falso e interpretar as informações para extrair insights e inovações. E temos que preparar nossas novas gerações para isso.

Pensar em Cidades Mais Inteligentes é pensar no ser humano como um todo. O que é "ser feliz" em um mundo altamente tecnológico? Como se darão as relações humanas nas grandes metrópoles mundiais? Como integrar pessoas de culturas totalmente diferentes? Essas são questões que precisam estar na cabeça de quem formula políticas públicas e de todos que fazem parte do ecossistema global das Smart Cities.

Vamos lá City Shapers do Brasil, eu acredito em vocês… Nos vemos daqui a pouco em São Paulo.

Sobre o autor

Renato de Castro é expert em Cidades Inteligentes. É embaixador de Smart Cities do TM Fórum de Londres, membro do conselho de administração da ONG Leading Cities de Boston e Volunteer Senior Adviser da ITU, International Telecommunications Union, agência de Telecomunicações das Nações Unidas. Acumulou mais de duas décadas de experiência atuando como executivo global em países da Ásia, Américas e Europa. Fluente em 4 idiomas, é doutorando em direito internacional pela UAB - Universidade Autônoma de Barcelona. Renato já esteve em mais de 30 países, dando palestras sobre cidades inteligentes e colaborando com projetos urbanos. Atualmente, reside em Barcelona onde atua como CEO de uma spinoff de tecnologia para Smart Cities.

Sobre o blog

Mobilidade compartilhada, Inteligência artificial, sensores humanos, internet das coisas, bluetooth mesh etc. Mas como essa tranqueira toda pode melhorar a vida da gente nas cidades? Em nosso blog vamos discutir sobre as últimas tendências mundiais em soluções urbanas que estão fazendo nossas cidades mais inteligentes.