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Renato de Castro

As vaquinhas virtuais evoluíram e já permitem a compra de imóveis

Renato de Castro

08/10/2019 04h00

Criada em 2017, a Smartcrowd está sediada na Hive, uma prestigiada aceleradora de fintechs em Dubai. Foto: Smartcrowd.

Com o crescimento do conceito de economia compartilhada, os chamados financiamentos coletivos, crowdfunding em inglês, se popularizaram mundo afora. A ideia é bem simples: plataformas online onde pessoas "normais" têm a possibilidade de financiar projetos, contribuindo com pequenos valores. 

No Brasil, já existem diversas iniciativas do tipo, como a Benfeitoria.com.br, um sistema de engajamento coletivo para projetos transformadores, e a  Catarse.me, a primeira plataforma nacional criada para financiar projetos criativos de forma compartilhada. Lá, você pode encontrar diversos tipos de negócios para investir. Mas e se o investimento fosse em um imóvel?

Pois foi exatamente com objetivo de proporcionar acesso ao mercado imobiliário que nasceu a Smartcrowd. Com sede na Hive, uma prestigiada aceleradora de fintechs em Dubai, a startup foi criada por dois jovens amigos. Considerado uma das opções de investimentos mais seguras disponíveis no Oriente Médio, o mercado imobiliário era restrito a poucos devido às grandes exigências de capital. Mesmo com os salários altos que os dois amigos tinham no mercado financeiro, eles não viam a menor chance de comprarem, sozinhos, um imóvel, seja para viver ou para investir. Eureka!

Nasce, então, em 2017, a primeira iniciativa de investimento digital regulamentada da região, oferecendo a oportunidade de adquirir uma fração de uma propriedade. Pela plataforma, uma pessoa pode "comprar" um imóvel com investimentos a partir de AED 5.000,00 (dirhams), cerca de R$ 5.600. Por se tratar de uma atividade inédita no país, seus fundadores tiveram que solicitar uma licença especial de funcionamento do DFSA (Autoridade de Serviços Financeiros de Dubai), a licença de teste de inovação. Imaginem só a complexidade para gerenciar a compra e gestão de um imóvel para um grupo de pessoas.

De pouco em pouco, eles vão longe: depois de dois anos lutando para regulamentar a atividade, a empresa já conta com sete imóveis comprados por meio do sistema de financiamento coletivo, totalizando quatro milhões de dirhams (R$ 4,5 milhões). Hoje, eles têm mais de 90 clientes investidores diretos e 1.125 usuários registrados. O mais bacana é que 65% dos compradores já investiram em mais de um imóvel; parece que gostaram!

Eu fiz uma entrevista bem bacana com os simpaticíssimos Ammar Nawaz , diretor de relacionamento com clientes, e Hassan Sheikh, diretor de desenvolvimento de negócios, durante minha última passagem por Dubai e gravei o pitch deles.

Será que funcionaria essa ideia no Brasil? Assistam ao vídeo e tirem suas conclusões, quem sabe pode ser uma grande oportunidade? Com o grande sucesso em Dubai, a Smartcrowd acabou de se graduar como startup, recebeu uma licença internacional e está em busca de novos mercados.

Um grande abraço e nos vemos na próxima semana.

Sobre o autor

Renato de Castro é expert em Cidades Inteligentes. É embaixador de Smart Cities do TM Fórum de Londres, membro do conselho de administração da ONG Leading Cities de Boston e Volunteer Senior Adviser da ITU, International Telecommunications Union, agência de Telecomunicações das Nações Unidas. Acumulou mais de duas décadas de experiência atuando como executivo global em países da Ásia, Américas e Europa. Fluente em 4 idiomas, é doutorando em direito internacional pela UAB - Universidade Autônoma de Barcelona. Renato já esteve em mais de 30 países, dando palestras sobre cidades inteligentes e colaborando com projetos urbanos. Atualmente, reside em Barcelona onde atua como CEO de uma spinoff de tecnologia para Smart Cities.

Sobre o blog

Mobilidade compartilhada, Inteligência artificial, sensores humanos, internet das coisas, bluetooth mesh etc. Mas como essa tranqueira toda pode melhorar a vida da gente nas cidades? Em nosso blog vamos discutir sobre as últimas tendências mundiais em soluções urbanas que estão fazendo nossas cidades mais inteligentes.