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Renato de Castro

10 filmes em 4k em 20 minutos: o que muda na sua vida com o 5G

Renato de Castro

03/09/2018 04h00

Motorola na frente na corrida pelo primeiro aparelho 5G. Foto: Geek Loko

A nova geração da comunicação móvel chegou: seu nome é tecnologia 5G e está equiparada com a inteligência artificial como uma das principais tecnologias que irão revolucionar o mundo. Americanos, europeus e principalmente asiáticos estão na frenética disputa para ver quem sairá na frente. Mas por que a expectativa desta vez está mais elevada que nunca e qual será o impacto desta tecnologia nas nossas vidas?

Pela primeira vez vamos conseguir igualar ou até ultrapassar a velocidade de transmissão de voz e dados das tecnologias à base de cabos, como a fibra ótica. O 5G será de 10 a 20 vezes mais rápido do que o atual 4G – flexibilidade e velocidade nunca vistas antes, potencializando a chamada Internet das Coisas (IoT). Em testes de laboratório já chegaram a velocidades próximas a 4,5 Gbps.

A  atual de download do 4G gira em torno de 10 Mbps. Você será capaz de baixar cerca de 10 filmes em qualidade 4k (ultra HD) de duas horas no seu futuro celular 5G, enquanto o seu telefone atual baixa apenas meio filme. Se você gosta de musica, imagine então 90 musicas em 1 segundo! Isso, claro, se você estiver usando o 4G, porque em 3G não dá nem para comparar! Já deu para ver que o impacto em várias indústrias será muito grande e irá muito além dos nossos celulares.

As principais vantagens tecnológicas do 5G não param no smartphone. Das aplicações em domótica (automação residencial) a carros autônomos, todos os dispositivos conectados à internet poderão falar uns com os outros em velocidades extremamente rápidas e com latência reduzida (o tempo que um pacote de dados leva de um ponto designado a outro). A tecnologia já nasce desenhada para novas aplicações como realidade virtual e aumentada, jogos imersivos e toda a gama de dispositivos de IoT. Mas existem ainda alguns empecilhos.

O 5G foi pensado para operar em espectro de baixa frequência entre 600 e 700 MHz, médio alcance com 3,5 GHz e na alta frequência na faixa de 60 GHz. Diferente do 4G, a nova tecnologia nos permitirá conectar muito mais dispositivos a uma mesma antena, com mais velocidade e precisão na troca de dados. Na prática, isso significa que toda uma nova infraestrutura de antenas e repetidoras deverão ser instalados, não somente nas ruas, mas também dentro de nossas casas. Como o 5G usa alta frequências e ondas mais curtas, os aparelhos atuais não funcionarão em 5G. Mas não se preocupe: a rede 3G e 4G continuará disponível em paralelo à 5G ainda por muito tempo.

Testes com a nova tecnologia já iniciaram há mais de 1 ano usando grandes eventos como a Copa do Mundo da Rússia e as Olimpíadas de Inverno como pilotos. Os primeiros dispositivos 5G em escala industrial para o consumidor final devem chegar ao mercado no final desse ano. Os hotspots serão os primeiros a serem comercializados. Já os telefones celulares são esperados para o inicio de 2019. E sabe quem será provavelmente a primeira empresa a lançar o seu (ainda qe com algumas limitações)? Nossa velha conhecida Motorola, que no passado chegou a ser uma das líderes do mercado e que quase quebrou com a chegada dos smartphones. Eles anunciaram o modelo Moto Z3 5G, que será oferecido nos EUA com exclusividade pela operadora Verizon, inicialmente por US$ 480.

A Europa, em paralelo, segue na corrida pelo 5G e o rico principado de San Marino já fechou contrato com a Tim para implantar toda a rede no país até o final de 2018. Segundo a Comissão Europeia, a implantação da tecnologia 5G na região tem um valor estimado em 57 bilhões de euros e promessa de 2,3 milhões de novos empregos criados até 2020.

No Brasil também estamos andando na direção do 5G: a Anatel já iniciou os estudos técnicos para a implementação da nova rede. Atualmente o órgão está definindo a frequência para o 5G operar no país, mas ainda é necessário estudar as potenciais interferências que a tecnologia poderá causar em outros serviços – o que pode ser um longo e "burocrático" caminho pela frente. Mas estou bem otimista e ansioso, claro.

Em nossas cidades, as tecnologias estão avançando bem mais rápido que a nossa capacidade de planejar, executar e principalmente regulamentar. Isso no mundo inteiro. Amanhã, em São Paulo, o BNDES e a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) irão apresentar a cartilha do Plano Diretor de Tecnologias para Cidades Inteligentes – PDTCI durante o evento Connected Cities 2018. Será um grande passo na direção de politicas mais céleres e assertivas de implantação de novas tecnologia em nossas cidades. Eu estarei lá pessoalmente para conferir e trazer em primeira mão para vocês, até lá!

Sobre o autor

Renato de Castro é expert em Cidades Inteligentes. É embaixador de Smart Cities do TM Fórum de Londres, membro do conselho de administração da ONG Leading Cities de Boston e Volunteer Senior Adviser da ITU, International Telecommunications Union, agência de Telecomunicações das Nações Unidas. Acumulou mais de duas décadas de experiência atuando como executivo global em países da Ásia, Américas e Europa. Fluente em 4 idiomas, é doutorando em direito internacional pela UAB - Universidade Autônoma de Barcelona. Renato já esteve em mais de 30 países, dando palestras sobre cidades inteligentes e colaborando com projetos urbanos. Atualmente, reside em Barcelona onde atua como CEO de uma spinoff de tecnologia para Smart Cities.

Sobre o blog

Mobilidade compartilhada, Inteligência artificial, sensores humanos, internet das coisas, bluetooth mesh etc. Mas como essa tranqueira toda pode melhorar a vida da gente nas cidades? Em nosso blog vamos discutir sobre as últimas tendências mundiais em soluções urbanas que estão fazendo nossas cidades mais inteligentes.