Entenda as 4 ondas da Inteligência Artificial que mudarão as nossas vidas
A tecnologia do futuro está bem mais perto do que podemos imaginar. Dos disruptivos veículos autônomos, passando pelos drones de combate a incêndios, até os softwares que completam sozinhos as frases que estamos escrevendo, não há como escapar do fato de que a inteligência artificial (IA) já faz parte das nossas vidas.
Neste contexto, duas grandes potências estão correndo lado a lado na competição pelo desenvolvimento da tecnologia. De um lado, os Estados Unidos, com suas empresas do famoso Vale do Silício. De outro, a China, que está investindo pesado para se tornar a primeira superpotência do setor. Isso inclui subsidiar fortemente o desenvolvimento de novas empresas de tecnologia e a criação de incentivos para fomentar o investimento em novas startups. Então, se você está em busca de grandes oportunidades para 2019, leia com bastante atenção este texto.
Acabei de ler um livro fantástico sobre o tema e gostaria de compartilhar com vocês algumas das ideias do Prof. PhD Kai-Fu Lee, o autor do livro recém-lançado (setembro de 2018) e já bestseller chamado AI Superpowers: China, Silicon Valley, and the New World Order. O livro descreve a acirrada disputa entre China e EUA no competitivo setor da Inteligência Artificial, estimado em US$ 15,7 trilhões em todo o mundo.
Segundo o livro, a interação da inteligência artificial em nossas vidas está acontecendo em quatro ondas. A primeira onda é a aplicação da IA na internet e já está disponível para todos. A plataforma de compartilhamento de vídeos YouTube, com sede na Califórnia (EUA), recomenda o próximo vídeo para assistirmos com base em um algoritmo de inteligência artificial. Por outro lado, o aplicativo Toutiao, uma plataforma de notícias e informações com base em Pequim (China), não apenas recomenda artigos, como também os gera automaticamente.
Quanto a quem seria o líder em inteligência artificial na internet, segundo o Prof. Lee, EUA e a China ficam praticamente empatados na disputa. A China leva uma pequena vantagem graças a ter mais usuários de internet do que os EUA e a Europa juntos, e uma população pronta para fazer pagamentos via celular para os criadores de conteúdo. Aplicativos como o WeChat e Wallet permitem que as pessoas enviem micropagamentos de alguns centavos para os criadores de conteúdo on-line de que mais gostam, e esse tipo de ambiente ajuda muito a dinamizar o mercado.
A segunda onda é a inteligência empresarial. Essa é a categoria em que os EUA realmente têm uma grande vantagem. A AI de negócios está evoluindo bem rápido, com algoritmos tomando decisões sobre investimentos financeiros, bolsa de valores e empréstimos bancários. Embora esteja atrás neste setor, a China também possui alguns serviços (apps) interessantes, como o Smart Finance, que faz pequenos empréstimos pessoais sem levar em conta o histórico financeiro do cliente ou o seu código postal. Em vez disso, ele usa métricas exclusivas, como quanto tempo você leva para responder a determinadas perguntas e qual o tempo restante de bateria no celular. Usando esse algoritmo disruptivo, o serviço vem se destacando por oferecer empréstimos fiáveis para trabalhadores migrantes e outros segmentos de pessoas sem garantias reais e que atualmente não são atendidas pelo sistema bancário tradicional. A percentagem de inadimplência observada até agora é de apenas um dígito.
A quantidade e qualidade de dados referentes a negócios é exatamente o ponto em que a China fica em desvantagem. Isso porque, em comparação com a China, os EUA têm um histórico de dados impecável, com bancos de dados repletos de informações de transações bancárias, financeiras, hospitalares e de dados dos mais diversos tipos de transações comerciais. Por essa razão, os EUA estão em ótima posição para a AI de negócios. O autor do livro dá uma vantagem de 90-10 aos Estados Unidos neste quesito. Contudo, a previsão para os próximos cinco anos é ligeiramente melhor para a China, com a vantagem dos EUA sendo reduzida para 70-30.
A terceira onda de IA é a inteligência perceptiva, que inclui programas de reconhecimento de voz e facial. A China tem uma vantagem aqui, em parte devido a diferenças culturais. Os americanos, da mesma forma que os europeus, têm muito receio do efeito "Big Brother" em relação a sua imagem e voz, enquanto os chineses aceitam melhor a ideia de abrir mão de alguma privacidade em troca de mais segurança e principalmente conveniência.
Assim, a Inteligência Perceptiva tem ganhado muita atenção e promete ser umas das áreas mais disruptivas da IA, pois reduz os limites do online versus offline. É por isso que essa tecnologia geralmente se enquadra na categoria chamada em inglês de on-line-mixed-off-line (OMO). Um exemplo de OMO são as novas lojas inteligentes, como a da Amazon GO. Imagine entrar em uma loja que escaneia seu rosto e automaticamente te reconhece. Além disso, o sistema abre sua lista de compras e a voz do seu artista preferido, te cumprimenta e te convida a iniciar suas compras. O sistema também identifica tudo o que for colocado no carrinho, e ao final das compras, avisa você caso tenha esquecido alguma coisa, debitando automaticamente do seu cartão de crédito o valor da despesa assim que você deixa a loja.
Outro exemplo desta terceira onda são as chamadas casas inteligentes, que discutimos nesse outro texto. Várias empresas já saíram nesta corrida dos assistentes virtuais como a Apple (Siri), Amazon (Alexa) e a Google. A China também leva grande vantagem aqui devido ao polo de fabricação de produtos eletroeletrônicos localizado em Shenzhen. Os produtos para a casa inteligente, que incluem alto-falantes, refrigeradores, aspiradores de pó e micro-ondas são muito acessíveis no país. Essa vantagem de fabricação somada às preocupações com a privacidade dos EUA e da Europa dão à China uma vantagem de 60-40. Prof. Lee espera que essa vantagem cresça para 80-20 nos próximos cinco anos.
A quarta e última onda é a IA autônoma. Até agora, não chegamos nem perto do tipo de tecnologia, que também já discutimos em outro texto, que confere aos robôs a inteligência humana. Empresas como a Google e a Tesla estão bem focadas em transformar as nossas rodovias com novos modelos de veículos autônomos, que serão lançados nos próximos anos. Mas ainda há muito por acontecer. E aqui entra fortemente a influência dos governos locais e principalmente do poder legislativo, que será responsável pelas novas leis que regulamentarão esse setor.
Os EUA têm atualmente uma grande liderança na IA autônoma, que gira em torno de 90-10, mas a China está se esforçando muito para mudar essa realidade. Na verdade, o governo chinês é muito proativo na aprovação de políticas e regulamentações favoráveis à IA. Por isso, será mais fácil implementar essa tecnologia em larga escala na China do que nos EUA. Inclusive, a China já está construindo uma rodovia e uma cidade inteira do tamanho de Chicago especialmente projetada para veículos autônomos –portanto, daqui a cinco anos, segundo o prof. Lee, os dois países estarão muito perto de uma situação de 50-50.
Quem será a grande potência mundial no setor da inteligência artificial ainda é uma incógnita. Mas que essa corrida pelo protagonismo nos trará bons frutos como consumidores da tecnologia, disso eu não tenho dúvidas. E você, o que acha? Aguardo seus comentários abaixo e prometo responder a todos, como sempre 😉 . Um grande abraço e nos vemos na próxima semana!
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