Com UTIs lotadas, médicos vivem dilema de escolher o paciente que vai viver
Na Itália, o serviço público sempre funcionou bem, mas a epidemia de covid-19 transformou a realidade dos hospitais. "Hoje, quem sofreu um infarto ou acidente de carro e precisa de tratamento intensivo no hospital, não vai ter", diz.
Além da superlotação, os hospitais enfrentam a falta de equipamentos como o respirador, usado no tratamento de pacientes em estado grave.
A Sociedade Italiana de Anestesia, Analgesia, Reanimação e Terapia Intensiva (Siaarti, na sigla em italiano) divulgou um documento em que aponta as necessidades de se tomar decisões difíceis neste momento.
"Em uma situação tão complexa, todo médico pode ter que tomar decisões dilacerantes de um ponto de vista ético e clínico em um curto espaço de tempo: quais pacientes são submetidos a tratamentos intensivos quando os recursos não são suficientes para todos que chegam, nem todos com a mesma chance de recuperação".
Em outro trecho, o documento defende privilegiar a "maior esperança de vida". "Isso significa não ter que necessariamente seguir um critério de acesso do tipo 'first come, first served' (primeiro a chegar, primeiro a ser atendido) à terapia intensiva. Queríamos sublinhar que a aplicação dos critérios de racionamento é justificável somente depois que todos os esforços foram feitos por todas as partes envolvidas para aumentar a disponibilidade de recursos que podem ser fornecidos e após avaliar qualquer possibilidade de transferência de pacientes para centros de tratamento com maior disponibilidade de recursos."
No interior do país, como na região do Rovolon, o atendimento é feito por médicos de base, a versão italiana dos médicos de família do Brasil. Esses profissionais estão solicitando para fechar seus consultórios por causa do contágio de coronavírus que está se espalhando entre eles. Na região de Bergamo, na Lombardia, norte do país, 50 médicos foram infectados pelo coronavírus. Segundo o jornal "La Reppublica", três médicos morreram por causa da epidemia.
O presidente da Federação Nacional das Ordens de Cirurgiões e Dentistas (Fnomceo, na sigla em italiano), Filippo Anelli, solicitou ao governo a suspensão do livre acesso de pacientes aos ambulatórios para conter o contágio.
"A gente já não tem hospital, porque todos estão lotados, e se os médicos de base pararem, a Itália vai ficar sem médicos para atendimentos", afirma Castro.
Na noite de quinta-feira (12), o governo anunciou uma campanha nacional de doação de sangue. A todo momento há uma atualização ou uma informação emergencial. "O sentimento que a gente tem aqui é de estado de guerra. O primeiro-ministro surge na TV e corre todo mundo para a frente da televisão para saber o que está acontecendo", afirma Castro.
P.S.
Por causa da epidemia, os professores de Rovolon não podem mais ir para a escola para dar aulas online durante esse período de quarentena, como ocorreu no primeiro dia (veja como foi a experiência aqui). Mas com a ajuda do governo local, foram comprados 12 computadores que serão entregues aos professores para que eles possam prosseguir com o trabalho.
A pedido do governo municipal, Renato de Castro iniciou uma força-tarefa voltada para o setor de economia. Para esse projeto, foi criado a página "Rovolon Contro il Virus" no Facebook.
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