Cidades Mais Inteligentes http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br Mobilidade compartilhada, Inteligência artificial, sensores humanos, internet das coisas, bluetooth mesh, etc. Mas como essa tranqueira toda pode melhorar a vida da gente nas cidades? Fri, 28 Aug 2020 07:00:59 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Hidrômetro inteligente evita perda de água, mas pode depender de 5G no país http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/28/hidrometro-inteligente-evita-perda-de-agua-mas-pode-depender-de-5g-no-pais/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/28/hidrometro-inteligente-evita-perda-de-agua-mas-pode-depender-de-5g-no-pais/#respond Fri, 28 Aug 2020 07:00:59 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1387

Henryk Niestrój/ Pixabay

Temos vivido e discutido ao longo de quase um século o problema da distribuição da água potável no Brasil. Obras mega-milionárias e transposições de rios, programas de aberturas de poços artesianos e até a dessalinização da água do mar entrou na discussão. Tudo isso faz sentido em um país que possui mais de 12% das reservas de água doce superficial do mundo e ainda sofre com o problema da seca.

Mas não podemos parar por aí. No universo das cidades inteligentes, as tecnologias de IoT (internet das coisas) aplicadas a gestão de águas têm evoluído muito rapidamente. Os medidores inteligentes já são uma realidade e estão cada vez mais acessíveis. 

Medidores ou hidrômetros inteligentes são dispositivos conectados à internet que medem o consumo de água remotamente em intervalos de tempo pré-definidos. Enquanto os aparelhos tradicionais consideram apenas o consumo total, os inteligentes registram quando e quanto de água é consumida, o que permite que empresas e consumidores avaliem a melhor forma de economizar o recurso. E principalmente, ajudam a detectar os vazamentos de água.

Com a segunda maior população do mundo, estima-se que a Índia se torne um país com escassez moderada de água até 2050. De acordo com um relatório do World Resources Institute, mais de 80% da água subterrânea disponível já foi retirada e cerca de 70% dela foi utilizada para agricultura. A ONU estima que a demanda por água no país atingirá o dobro da oferta disponível até 2030, o que colocará milhões de vidas em risco.

Na sexta maior cidade da Índia, Chennai, os quatro reservatórios que abastecem a região estão quase secos. Para conseguir água, os moradores têm que aguardar a chegada de caminhões-tanque do governo e enfrentar a fila. Utensílios domésticos são lavados com a mesma água para que se economize água limpa para cozinhar alimentos.

Para tentar enfrentar essa crise, algumas cidades passaram a instalar hidrômetros inteligentes. Em Bangalore, o novo sistema permitiu que os moradores passassem a ter uma visão clara do seu consumo em tempo real. Medidas como a substituição de descargas e otimização de uso de máquinas de lavar roupa e louça, por exemplo, fizeram com que as oito mil residências que tinham os novos medidores instalados até setembro de 2018 reduzissem o consumo de água em 30%.

Na liderança na batalha contra o desperdício de água está Nova Déli que, ao substituir 50 mil hidrômetros tradicionais por inteligentes, se tornou o primeiro e único município da Índia a ter esse tipo de dispositivo instalado em todas as edificações, o que deverá gerar uma economia de mais de US$ 1 milhão.

Utilizados principalmente para medir o consumo de água em edifícios residenciais e comerciais quando fornecido a partir de um sistema público de abastecimento de água, os medidores inteligentes fornecem informações em tempo real à empresa de água sobre vazamentos e irregularidades, o que permite que equipes de manutenção corrijam as falhas rapidamente, diminuindo o desperdício e minimizando danos causados por possíveis inundações.

Para um hidrômetro ser considerado inteligente, ele deve estar conectado à uma rede de dados. Contudo, países emergentes como o Brasil muitas vezes carecem de infraestrutura robusta que possa suportar esse tipo de dispositivo. Uma rede de longa distância de longo alcance, ou LoRa, pode ser a solução para esse problema.

Projetada especificamente para aparelhos IoT como medidores inteligentes, a LoRa é uma tecnologia de rádio frequência similar ao wi-fi que permite comunicação a longas distâncias com baixo consumo de energia. Dependendo das condições de instalação, o alcance da rede varia de três quilômetros em áreas urbanas até 12 quilômetros ou mais em áreas rurais.

Outra alternativa é o uso do 5G, que tem baixa latência e tempo de resposta dez vezes menor do que a rede 4G (1 milissegundo comparado a 10 milissegundos hoje). Com previsão de chegada no Brasil em 2022 (se tudo der certo), a tecnologia é vista como o primeiro passo para o avanço do mercado de IoT, que incluí os medidores inteligentes.

A internet das coisas irá revolucionar a forma com a qual gerenciamos a venda, distribuição e controle de serviços básicos como água e luz. Os investimentos no caso da gestão de águas  se pagam principalmente em função de um maior controle sobre desperdício e roubo.

Mesmo em cidades com alta densidade demográfica com problemas de desigualdade social como Nova Déli e Bangalore, o sistema de medidores inteligentes tem se mostrado vantajoso. Para os municípios brasileiros, a oportunidade está na possibilidade do uso de ferramentas como as Parcerias Público Privadas, as PPPs, para fomentar investimentos nesse setor. Esse modelo de financiamento através das PPPs, que já vem se mostrando muito interessante no setor da iluminação pública, deverá crescer bastante nos próximos anos no Brasil.

De acordo com o relatório Desenvolvimento Mundial da Água da ONU, em todo mundo, cerca de 30% da água captada é perdida em vazamentos. Mas, no Brasil esse número é ainda pior.

Um estudo mostra que no Brasil o desperdício de água em função de vazamentos, do nosso famoso “gato” (ligações ilegais para furto de água) e de erros de leitura chega a quase 40%.

Isso significa na prática que de cada 100 litros de água capitadas na natureza, através dos diversos projetos milionários que pagamos com o dinheiro dos nossos impostos, quase 40 litros simplesmente não chegam a ninguém. São praticamente jogados fora! Para você ter uma ideia melhor da dimensão desses números, isso equivale à 7.100 piscinas olímpicas de águas perdidas por dia, com um prejuízo superior à R$ 12 bilhões.

Fazendo uma continha rápida, segundo a Agência Brasil, os custos do projeto de transposição do rio São Francisco em 2019 somavam R$ 1,4 bilhão. Com base na estatística acima, R$ 560 milhões (40%) foram em vão simplesmente pela nossa incapacidade de gerenciar a distribuição da água capitada…

Estamos oficialmente já em pré-campanha para as eleições municipais no Brasil. Pergunte ao seu candidato a prefeito e a vereador o que eles acham sobre o tema.

Chegou a hora de mudarmos aquele discurso populista e simplório quanto a gestão das águas urbanas que é bastante popular entre os políticos para uma discussão realmente séria sobre a gestão dos nossos recursos naturais, você não acha? Nos vemos no próximo texto.

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Como uma ex-república soviética virou exemplo de sucesso de governo digital http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/20/brasil-digital-e-sonho-exemplo-europeu-mostra-que-nao-estamos-tao-longe/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/20/brasil-digital-e-sonho-exemplo-europeu-mostra-que-nao-estamos-tao-longe/#respond Thu, 20 Aug 2020 07:00:58 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1370

O programa e-Estonia é um dos mais avançados no mundo em relação a governos digitais (EstonianWorld)

Considerada hoje a sociedade digital mais avançada do mundo pela revista americana Wired, a Estônia passou a inspirar formuladores de políticas globais, líderes políticos, executivos corporativos, investidores e mídia internacional. E não é para menos: 99% dos serviços públicos estão on-line, 99% da população tem o ID card (cartão que funciona como um certificado nas transações digitais), a internet passou a ser um direito humano presente na constituição do país e quatro empresas com valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão, como o Skype, estão lá sediadas.

Enquanto alguns países como o Reino Unido –que recentemente deixou a União Europeia– têm dificultado a relação com imigrantes, a Estônia, um pequeno país do norte da Europa e membro da União Europeia desde 2004, passou a oferecer o e-Residency, identidade e status digital emitidos pelo governo para que empreendedores iniciem e gerenciem seus negócios como uma empresa europeia sem nem ao menos ter pisado no continente.

O cofundador do e-governance academy, Linnar Viik, garante que ter tudo digitalizado não é uma forma de controle, mas sim de transparência. “Nós não somos o Big Brother, afinal, os cidadãos têm total controle sobre o que é feito com os dados“. Embora o governo ainda mantenha serviços não digitais para aqueles que queiram, a eficiência e agilidade do programa atrai cada vez mais adeptos.

Ter todo sistema digitalizado também significa estar vulnerável a ataques cibernéticos. Graças a massivos investimentos em segurança digital, a Estônia tornou-se um dos países mais reconhecidos como especialista no tema, sendo o primeiro do mundo a implantar a tecnologia blockchain em sistemas de produção.

Enquanto normalmente se leva sete meses em média para identificar uma violação de dados, a tecnologia KSI que o país utiliza faz com que isso ocorra instantaneamente. Além disso, por meio do KSI, o registro histórico de informações não pode ser modificado por ninguém e a autenticidade de dados eletrônicos pode ser matematicamente comprovada.

Após a independência da União Soviética há 29 anos, a Estônia –com 1,3 milhão de habitantes– se viu em uma situação em que não poderia manter financeiramente a administração pública e burocracia existente na Europa. Há duas décadas, a população do país não tinha acesso à internet e nem mesmo dispositivos que pudessem acessá-la. Contudo, o país viu na tecnologia uma oportunidade para trabalhar com mais eficiência e transparência, economizando tempo e dinheiro. Já não é a primeira vez que falamos da Estônia por aqui no blog. Lembram do transporte 100% gratuito de Talín?

Ocupando a 30a posição no Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), está entre os países em que o índice de IDH é considerado muito alto. Seu PIB total é de US$ 25 bilhões e o per capita é de US$ 19.704,66.

Vários fatores afetaram o sucesso inicial da Estônia em suas iniciativas digitais. A base de conhecimento já estava funcional no início e eles tinham pessoas altamente qualificadas na sociedade capazes de iniciar essas iniciativas de desenvolvimento digital. Outra base sólida foi a excelente educação em ciência da computação, por isso o país é atualmente considerado o Vale do Silício da Europa. O caso é uma ilustração do extremo máximo que um programa de transformação digital pode alcançar em um país ou cidade. Três fatores de sucesso da Estônia podem ser utilizados para ajudar nossas cidades no Brasil nesta no processo de digitalização

Priorização clara por parte dos líderes políticos

O primeiro fator de sucesso foi a priorização clara tanto pela liderança política da Estônia, quanto pelos quadros da administração pública. Isso permitiu a melhor alocação dos recursos limitados. No início, a abordagem “de cima para baixo” foi administrada diretamente pelo escritório do primeiro-ministro.

Ouvindo especialistas em tecnologia

Em segundo lugar, eles conseguiram avançar rapidamente porque confiaram nos especialistas do assunto, como engenheiros. Geralmente, o trabalho do governo é conduzido por advogados, mas na Estônia o processo foi focado em expertise tecnológica e não somente jurídica. Por exemplo, quando se tratava de privacidade e segurança, eles ouviram primeiro o que os engenheiros e especialistas em tecnologia sugeriram e depois partiram para a experimentação dentro dos limites legais.

Mudando leis e práticas

Baseado no case, na transformação digital, devemos estar prontos para mudar qualquer que seja a prática ou lei. Esse é o fator principal para poder experimentar e mudar a maneira como fazemos as coisas. É importante considerar o gerenciamento de mudanças e a forma como colocamos todos os atores no processo.

Agora você deve estar pensando: Renato, mas isso é coisa de Europa, no Brasil é muito mais difícil chegar neste nível! Pode ser que você esteja enganado e estejamos muito mais próximos que pensamos.

O Departamento de Economia e Assuntos Sociais das Nações Unidas divulgou no mês passado (julho 2020) o relatório mais recente e completo sobre o desenvolvimento do governo eletrônico em todo o mundo. O E-Government Survey 2020 é o 11º relatório de uma série que começou em 2001. Ele avalia o desenvolvimento do governo digital dos 193 Estados membros das Nações Unidas ao identificar seus pontos fortes, desafios e oportunidades, bem como informar políticas e estratégias.

O Brasil está entre os 20 países com melhor oferta de serviços públicos digitais mundo.

A Estônia aparece em segundo lugar, perdendo somente para a Coreia do Sul. Mas, pasmem, já estamos na lista dos TOP 20 e crescendo rápido. Na análise da América do Sul o Brasil aparece em primeiro lugar, a frente do Chile e Argentina e, se consideramos todo o continente americano, só perdemos para os Estados Unidos. Estamos no caminho certo e temos acelerado nos últimos anos. Que continuemos assim! Nos vemos no próximo texto.

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Imagine monitorar a saúde das árvores pela internet? É o que Melbourne faz http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/15/contra-forte-calor-governo-mostra-a-saude-de-todas-as-arvores-de-melbourne/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/15/contra-forte-calor-governo-mostra-a-saude-de-todas-as-arvores-de-melbourne/#respond Sat, 15 Aug 2020 07:00:23 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1361

Projeto de floresta urbana visa tornar Melbourne mais resiliente e saudável (Prefeitura de Melbourne)

A cidade de Melbourne tem enfrentado desafios significativos devido às mudanças climáticas, crescimento populacional e aquecimento urbano. Para combater tais desafios, a cidade plantou milhares de árvores, criando um ecossistema mais sustentável que colabora com a administração do intenso calor durante o verão. A iniciativa veio do governo local de Melbourne, apoiada pelo governo federal e governo estadual de Victoria, e custou para os cofres públicos algo em torno de AUD 30 milhões (aproximadamente R$ 118 milhões).

Para entender o projeto é importante conhecer bem o histórico deste problema na Austrália. De 1997 a 2009, Melbourne, juntamente com várias cidades australianas, sofreu a seca do milênio, o que demandou que a cidade tomasse medidas para diminuir os efeitos de temperaturas mais altas e eventos climáticos imprevisíveis.

Uma das respostas imediatas à seca foi controlar o uso da água e a cidade reduziu a demanda per capita em quase 50%. Em busca de uma estratégia de longo prazo para mitigar os efeitos do calor extremo e ao notar que muitas árvores do município estavam morrendo, inspirada por iniciativas americanas como o “Urban Forest Project”, de Nova York, a prefeitura de Melbourne decidiu criar uma estratégia para uma floresta urbana, afinal, além dos benefícios claros que ela traz, a exposição à natureza também reduz o estresse e a incidência de doenças mentais, bem como aumenta as oportunidades para se fortalecer os laços da comunidade em espaços onde as pessoas podem se reunir, conectar e recriar.

A estratégia, que tem previsão de implementação por 20 anos, quando a cidade deve se tornar mais quente, seca e sujeita a inundação mais intensa, visa orientar a transição da paisagem atual da cidade para uma que seja resiliente, saudável, diversa e que atenda às necessidades da comunidade.

Desde 2012, a administração municipal plantou mais de 12 mil árvores em estacionamentos e estradas que não são mais utilizados. Além das iniciativas governamentais, os moradores também são incentivados a plantarem árvores em suas residências e as ações conjuntas devem colaborar para que as temperaturas no verão sejam reduzidas em até 4ºC.

Atualmente, a cidade de Melbourne conta com mais de 70 mil árvores, todas mapeadas no Urban Forest Visual, um mapa virtual interativo da saúde de cada árvore gerenciada pela cidade que permite que os cidadãos vejam facilmente a expectativa de vida de cada uma delas. Muito bacana, não acha?

O sucesso da floresta urbana depende de vários fatores, entre eles, a seleção inteligente de espécies que colaborem com a melhora da retenção da umidade do solo, redução dos fluxos de águas pluviais, melhora da qualidade e a reutilização da água e aumento da cobertura de sombra.

Para alcançar a visão de se ter uma floresta urbana saudável, resiliente e diversificada que contribua para a saúde e o bem-estar da comunidade, o projeto foi dividido em seis estratégias:

  • Aumento da área verde: de 22% para 40% até 2040.
  • Aumento da diversidade: a composição será de não mais que 5% de qualquer tipo de árvore, 10% de qualquer espécie e 20% de qualquer família.
  • Melhora da saúde da vegetação: 90% das árvores da cidade deverão estar saudáveis até 2040.
  • Melhorar a umidade do solo e a qualidade da água: a umidade do solo será mantida em níveis que proporcionem um crescimento saudável da vegetação.
  • Melhorar a ecologia urbana: proteger e melhorar a biodiversidade de modo a contribuir com um ecossistema saudável.
  • Informar e consultar a comunidade: a comunidade terá uma compreensão mais ampla da importância da floresta urbana, aumentará sua conexão com ela e se envolverá no processo de evolução.

A prefeitura disponibiliza um site onde todas as 70.000 árvores podem ser visualizadas em detalhes (Reprodução)

No Urban Forest Visual, cada espécie é identificada com um ícone diferente e a sua saúde é informada por meio de cinco cores que indicam os status saudável, em risco, em declínio, morrendo ou saúde não conhecida. Assim, é fácil identificar a diferença ou semelhança em um grupo de ícones no mapa e, em combinação com o esquema de cores, rapidamente determinar quais áreas da floresta urbana podem estar em risco e se esse risco pertence a um certo tipo de árvore.

Cidades como Frankfurt, na Alemanha, mostram uma tendência de investimentos seguirem iniciativas sustentáveis. Apesar de ser totalmente urbanizada e um dos maiores centros financeiros do mundo, Frankfurt é a oitava cidade mais arborizada do mundo e tem investido massivamente em outras iniciativas verdes, como a redução do consumo energético e emissão de carbono.

No Brasil, iniciativas municipais como a de Belo Horizonte têm feito o mapeamento da flora local, contudo, carece de  integração entre os dados, governo e munícipes.

A sua cidade tem algum projeto bacana relacionado a gestão ambiental e valorização do verde?

Esse é um tema que necessariamente deve estar presente nos debates políticos desse ano. Então, se seu candidato a prefeito não está alinhado com a sustentabilidade ambiental, é melhor você dar a dica!

Deixe seus comentários aqui abaixo e vamos ampliar essa discussão. Nos vemos na próxima semana.

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Exemplo mundial: como uma cidade usou bibliotecas para reduzir a violência http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/04/exemplo-mundial-como-uma-cidade-usou-bibliotecas-para-reduzir-a-violencia/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/08/04/exemplo-mundial-como-uma-cidade-usou-bibliotecas-para-reduzir-a-violencia/#respond Tue, 04 Aug 2020 07:00:26 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1353

Medellín: integrando educação, lazer, cultura e mobilidade para diminuir as desigualdades sociais na cidade. (Divulgação/ Ciudad de Medellín)

Como bom carioca que sou, eu venho convivendo desde que nasci com a violência. Não precisa nem olhar as estatísticas nacionais mais recentes para entender a situação de guerra que o Rio vive (desde sempre). O complexo relevo da cidade que desenha os cenários paradisíacos da cidade maravilhosa é o mesmo que acaba agravando a situação socioeconômica, com a formação das comunidades mais carentes nos morros e a grande dificuldade da ação do governo, tanto do ponto de vista social quanto da segurança pública. Resumindo: a violência no Rio, com todo o poder do tráfico de drogas e a falta de um interesse político legitimo não tem solução, certo? Bem, pode não ser bem assim!

Um projeto ousado na Colômbia conseguiu resolver um problema semelhante em uma cidade que já foi considerada uma das mais violentas do mundo e que tinha um conhecido cartel de drogas.  Segunda maior cidade da Colômbia e capital da região de Antioquia, Medellín abriga dois milhões de habitantes (3,7 milhões se considerada a área metropolitana).

No estudo “Global Metro Monitor” conduzido pelo centro de pesquisa americano Brookings em 2014, a cidade foi a que teve melhor desempenho na América Latina na combinação de duas variáveis: crescimento do PIB per capita e geração de emprego. Responsável por aproximadamente 10% do PIB da Colômbia, o município tem um PIB per capita de US$ 19.625.

A série Narcos, do Netflix, que retrata a história do traficante Pablo Escobar lembra os momentos de horror que a cidade de Medellín viveu na década de 90, quando era comum encontrar cadáveres no meio da rua. Com terreno irregular por ficar no meio da Cordilheira dos Andes –o que lembra os morros do Rio de Janeiro que comentamos anteriormente–, o município chegou a ser considerado o mais violento do mundo ao atingir uma taxa de 380 homicídios por 100 mil habitantes. O medo de sair às ruas, sequestros, extorsões e quadrilhas de todos os tamanhos começou a mudar há duas décadas, quando entrou em ação o que ficou conhecido como Modelo Medellín.

Após um mapeamento da cidade, o governo constatou que onde faltava presença do Estado, sobrava violência. Assim, resolveu mapear pontos estratégicos e fazer ali tudo o que fosse possível em prol da comunidade. Para trazer a população a bordo, onde iria ser construída uma biblioteca, por exemplo, anos antes iniciava-se uma feira de livros no local.

Com essa ideia em mente, o município passou a construir os Parques Biblioteca –complexos urbanos de arquitetura moderna que têm como edificação central uma biblioteca com equipamentos tecnológicos modernos, amplos espaços públicos e áreas verdes. Inicialmente, entre 2005 e 2008 foram construídas cinco unidades. A grande demanda fez com que o plano fosse estendido para mais cinco outros centros que foram construídos entre 2009 e 2011, passando a beneficiar cerca de 784 mil pessoas.

O projeto de parques-bibliotecas de Medellín deu tão certo que os índices de violência caíram drasticamente e o município passou a ser reconhecido como cidade-modelo.

Em um concurso realizado pelo The Wall Street Journal e pelo banco Citibank, em parceria com o Urban Land Institute, Medellín foi eleita a cidade do ano em 2013 devido às transformações sociais que realizou.

Foi exatamente essa forte atuação na área social, quebrando as barreiras sociais e aproximando os cidadãos, que hoje reconhecemos como uma das principais políticas publicas para o enfrentamento e resolução  da situação.

A Biblioteca Espanha faz parte da série de projetos urbanos para a transformação da cidade e sua construção quis refletir a organização e extensão do programa. Visível a partir de boa parte do município, tornou-se símbolo da nova Medellín. A ideia foi ter três diferentes grupos que se integram por meio de uma plataforma mais baixa, o que permite maior flexibilidade e autonomia de uso, fazendo com que haja mais participação da comunidade.

Além disso, o conceito quis transportar moradores da pobreza vivenciada no exterior para um ambiente acolhedor, com luz natural e que instigue os estudos e palestras. As pequenas janelas sugerem a relação com o mundo exterior e deixam a luminosidade entrar por cima da estrutura. Muito bacana mesmo esse projeto.

Em 2019 tivemos a publicação de uma nova ISO, a 37122, com os indicadores para cidades inteligentes, diretamente relacionados ao tema cidades e comunidades sustentáveis. Projetos de bibliotecas relacionados a cultura e educação são tão importantes que ganharam dois indicadores específicos na ISO 37122:2019:

  • 17.3 Número de livros disponíveis em bibliotecas públicas e livros eletrônicos por 100 000 habitantes.
  • 17.4 Porcentagem da população da cidade que é usuária ativa de bibliotecas públicas.

A abordagem da importância da educação e preservação da cultura também tem um destaque especial na Agenda 2030 das Nações Unidas, ilustrado no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável:

  • ODS 4 – Garantir educação inclusiva e igualitária de qualidade e promover oportunidades de aprendizado vitalícias para todos e;
  • ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis.

Investimentos na promoção da cultura nas cidades brasileiras podem representar não somente uma agenda positiva para nossos governos municipais, mas principalmente uma forte fonte de capitação de investimentos para projetos de cunho socioeconômico.

Como ilustrado acima no caso de Medellín, projetos relacionados a cultura, quando planejados de forma estratégica, podem ajudar a reduzir as diferenças sociais na cidade, engajar cidadãos e principalmente promover uma mudança radical na segurança pública, deixando um forte legado com capacidade de perdurar por décadas.

A sua cidade está investindo na cultura? Compartilhe conosco os casos de sucesso do seu município e vamos juntos ajudar a construir um Brasil mais sustentável, seguro e resiliente. Nos vemos no próximo texto.

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Internet para todos, uso de dados: como será o novo normal da tecnologia? http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/28/internet-para-todos-uso-de-dados-como-sera-o-novo-normal-da-tecnologia/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/28/internet-para-todos-uso-de-dados-como-sera-o-novo-normal-da-tecnologia/#respond Tue, 28 Jul 2020 07:00:54 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1342
Todos estão falando de um novo normal que chegou para ficar. A pandemia do coronavírus parece não ter mais fim. Aqui na Itália já nem falamos muito dela, mas países como o Brasil e os Estados Unidos continuam ainda em estado de alerta.

Como será que fica então a tecnologia com todas essas mudanças? Pela primeira vez, tivemos uma live com dois de nossos blogueiros de tecnologia do Tilt: Renato de Castro, do blog Cidades Mais Inteligentes e Cristina de Luca, do blog Porta 23, com a moderação da nossa editora, Fabiana Uchinaka.

Você acha que acesso à internet deveria ser um direito de todos? E quanto às fake news no Brasil, será que precisamos fazer uma alfabetização digital generalizada? LGPD, quarta Revolução Industrial e o futuro do trabalho e renda básica universal foram alguns dos temas abordados nesta super live.

Se você perdeu a oportunidade de assistir ao vivo, aqui vai o vídeo. Podem deixar seus comentários e opiniões que teremos um grande prazer em responder a todos.

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Live: como será o novo normal da tecnologia? Blogueiros do Tilt debatem http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/16/live-como-sera-o-novo-normal-da-tecnologia-blogueiros-do-tilt-debatem/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/16/live-como-sera-o-novo-normal-da-tecnologia-blogueiros-do-tilt-debatem/#respond Thu, 16 Jul 2020 07:00:41 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1319

Com o mundo praticamente parado desde janeiro, muitos já dizem que 2020 está perdido. Mesmo as previsões econômicas e sanitárias mais otimistas são desastrosas. Por outro lado, todos afirmam que a crise do covid-19 tem sido um fator importante no processo de transformação digital. Um verdadeiro catalizador de tendências, como a quarta revolução industrial, que já batiam nas nossas portas.

Chegou a hora de aprofundarmos essa discussão dentro da nossa casa. Pela primeira vez, teremos uma live com dois de nossos blogueiros de tecnologia do Tilt: Renato de Castro, do blog Cidades Mais Inteligentes e Cristina de Luca, do blog Porta 23, com a moderação da nossa editora, Fabiana Uchinaka.

Não percam, nesta quinta-feira, dia 16, às 15 horas (horário de Brasília) um super bate-papo sobre as tendências da tecnologia em um mundo pós-covid-19. Será uma live 100% interativa, onde todos nossos leitores terão a possibilidade de participar. Você já pode inclusive deixar aqui em baixo seus comentários, dúvidas e perguntas para inspirar os nossos blogueiros.

Clique aqui para o link para live.

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Como dados ajudam a melhorar transporte público em meio à crise de covid http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/08/ferramenta-de-gestao-de-transporte-publico-ajuda-a-combater-a-covid-no-pais/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/08/ferramenta-de-gestao-de-transporte-publico-ajuda-a-combater-a-covid-no-pais/#respond Wed, 08 Jul 2020 07:00:26 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1308

Primeira live do blog Cidades Mais Inteligentes no LinkedIn.

A plataforma Trancity oferece de forma gratuita para as 27 capitais do país uma solução de gestão inteligente de frotas de ônibus. A ferramenta processa dados em tempo real e permite que as prefeituras e secretarias de transporte façam uma gestão eficiente da frota e do serviço de ônibus, adequando-o à demanda durante a pandemia do covid-19 a fim de garantir o funcionamento de serviços essenciais e de evitar aglomerações.

Rio de Janeiro e São Paulo já utilizam a solução. Na terça-feira (7), conversei com Roberto Speicys, um dos responsáveis pela Trancity. Speicys é cofundador e executivo-chefe da Scipopulis, uma empresa de inovação focada em soluções para cidades inteligentes e especializada em mobilidade urbana.

Desenvolvido inteiramente no Brasil, a plataforma utiliza tecnologias de análise de dados em big data e machine learning para gerar informações que facilitem a tomada de decisões dos gestores públicos. A plataforma usa grandes bases de dados das próprias prefeituras ou de companhias de ônibus, tais como geolocalização, quantidade de veículos coletivos em cada linha, número de passageiros transportados, além de dados públicos como, por exemplo, imagens de câmeras abertas. Estes dados são processados em nuvem e disponibilizados para a gestão pública, sem custos ou necessidades de investimento em infraestrutura por parte das prefeituras.

Empresas e principalmente o poder público em todo o mundo estão passando por uma profunda transformação digital.  É muito gratificante ver cada vez mais empresas nacionais assumindo um papel de protagonismo e ajudando nossas cidades na gestão da crise.

Essa foi nossa primeira live na plataforma LinkedIn. E foi um sucesso. Tratando de solidariedade digital a oportunidades para startups neste momento difícil que o mundo está passando, foram quase 60 minutos de um bate-papo bem legal!

Clique aqui para ver a entrevista. Espero que gostem do conteúdo 🙂

Nos vemos na próxima semana para mais uma rodada de conhecimento e muito networking lá no LinkedIn.

 

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Na 1ª live no LinkedIn, CEO da Trancity fala sobre gerir transporte público http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/06/na-1a-live-no-linkedin-ceo-da-trancity-fala-sobre-gerir-transporte-publico/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/06/na-1a-live-no-linkedin-ceo-da-trancity-fala-sobre-gerir-transporte-publico/#respond Mon, 06 Jul 2020 12:57:50 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1298

A plataforma Trancity processa dados em tempo real e permite que as prefeituras e secretarias de transporte façam uma gestão eficiente da frota e do serviço de ônibus, adequando-o à demanda durante a pandemia. Foto simbiothy

A grande maioria de vocês já devem conhecer a rede social de negócios e profissionais chamada LinkedIn. A principal diferença se comparada com outras plataformas como Facebook, Instagram ou Twitter é que o LinkedIn é voltado especificamente para a vida profissional. Neste momento que vivemos de pandemia, em que a crise econômica está somente começando e as taxas de desemprego estão em crescimento, a plataforma pode ser uma excelente oportunidade para você aumentar seu networking e melhorar a sua empregabilidade.

Como parte de uma nova estratégia de resiliência para nossos seguidores, a partir dessa semana faremos uma sequência de lives com transmissão via LinkedIn. Será uma forma de dar mais visibilidade ao nosso tema “Cidades Mais inteligentes” em nível mundial. Atualmente, eu tenho 24.000 contatos ativos (ou de primeiro grau como se diz na plataforma) e quero compartilhar com vocês essa minha rede. Será, não somente uma oportunidade de ampliarmos as nossas discussões, mas principalmente uma excelente opção de trocaremos experiências com outros profissionais do setor, nos quarto cantos do mundo!

Para iniciar essa nova fase, na próxima terça-feira, dia 07 de julho às 10h, vou conversar com Roberto Speicys, cofundador e CEO da Scipopulis, uma empresa de inovação focada em soluções para cidades inteligentes e especializada em mobilidade urbana, lançou a plataforma Trancity, que oferece de forma gratuita para as 27 capitais do país uma solução de gestão inteligente de frotas de ônibus. Vamos discutir a importância da adequação da frota municipal de ônibus à demanda durante a pandemia a fim de garantir o funcionamento de serviços essenciais e de evitar aglomerações. Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre já utilizam a solução. Não percam!!!!! E claro, se você não tem ainda uma conta pessoal lá, corra que ainda dá tempo.

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Como a maior fazenda em telhado do mundo pode afetar a vida de uma cidade http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/01/como-a-maior-fazenda-em-telhado-do-mundo-pode-afetar-a-vida-de-uma-cidade/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/07/01/como-a-maior-fazenda-em-telhado-do-mundo-pode-afetar-a-vida-de-uma-cidade/#respond Wed, 01 Jul 2020 07:00:45 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1291

A “fazenda de telhado” em Paris é a maior obra de agricultura urbana em telhado no mundo (Valode & Pistre Architectes Atlav AJN)

Quando falamos de cidades inteligentes e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos vamos muito além de simplesmente o uso de tecnologia. Um fator muito importante, principalmente se falamos de grandes cidades, é a harmonização entre vida urbana e sustentabilidade. E neste campo Paris tem se destacado aqui na Europa por seus projetos arrojados. De propostas ousadas como retirar carros da rua, que já discutimos em um texto anterior, à valorização do meio ambiente, muita coisa tem acontecido.

A atual prefeita, Ana Hidalgo, que conclui este ano seu primeiro mandato, acaba de inaugurar na capital francesa a maior fazenda urbana em telhado do mundo. O projeto vem reforçar a tese de que grandes quantidades de alimentos saudáveis ​​podem ser cultivadas em uma fazenda 100% urbana e, mais, de forma comunitária. Km 4.Zero na veia! Lembram?

Sem ignorar a potencial redução no custo ambiental (e financeiro) do transporte de alimentos ao redor do mundo, o argumento de uma alimentação mais saudável e sustentável tem ganhado muito espaço no continente europeu. A agricultura urbana, envolvendo a produção local de alimentos tem o potencial de mudar radicalmente o futuro desse setor.

O tema da agricultura urbana é tão relevante para a discussão das cidades inteligentes, que inclusive ganhou indicadores relacionados às normas ISO 37122. É o indicador nr 20.1: porcentagem do orçamento municipal anual destinada a iniciativas de agricultura urbana. A agricultura urbana também está diretamente relacionada com três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas:

  • ODS 2: Erradicar a fome, chegar a um nível de segurança alimentar e nutrição melhorada e promover agricultura sustentável.
  • ODS 11: Tornar cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resistentes e sustentáveis.
  • ODS 12: Garantir padrões sustentáveis de consumo e produção.

Deixe-me então te apresentar o conceito e detalhar esse projeto bacana de Paris. Projetos de agricultura urbana têm por objetivo trazer mais áreas verdes para as cidades ao utilizar os telhados dos edifícios para o plantio de vegetais e legumes. A iniciativa ajuda, ainda, a diminuir a emissão de poluentes no transporte dos produtos de áreas remotas agrícolas para grandes centros.

O governo francês aprovou em 2015 uma lei que determina que todos os novos telhados comerciais sejam cobertos com painéis solares ou vegetação, o que fez com que hoje o país tenha dez vezes mais telhados verdes do que a Alemanha, onde o movimento começou. Além de colaborar com a melhora da biodiversidade nos municípios e reter a água da chuva, reduzindo o escoamento nas ruas, esse tipo de estrutura também colabora para que os edifícios sejam mais eficientes em termos de energia, afinal, no verão, os telhados têm um efeito de resfriamento e, no inverno, colaboram para manter a temperatura do prédio.

Por meio do projeto Parisculteurs, a prefeitura de Paris havia já se comprometido a plantar 100 hectares de vegetação até o final de 2020, sendo um terço dedicado à agricultura urbana. O projeto já nasceu ambicioso –a maior fazenda em telhado do mundo e a maior fazenda urbana da Europa–  e estava previsto para ser inaugurado na primavera europeia deste ano (março). E, quando todos achavam que a crise do coronavírus seria uma boa desculpa para a prefeitura adiar o lançamento, vem a grande surpresa! A inauguração foi antecipada para junho! No último domingo, 28 de junho, para ser mais preciso.

Como alternativa para promover a integração social, os parisienses têm a oportunidade de locar áreas para terem suas próprias hortas. Existem 135 lotes de um metro quadrado disponíveis para aluguel. A reserva do local por um período de um ano dá direito a uma horta, um kit de boas-vindas e um crachá de acesso. O preço do aluguel anual é 320 euros (aproximadamente R$1.920).

A produção será destinada aos moradores da cidade por meio de estabelecimentos comerciais locais ou sistemas de veg-box – operação que entrega frutas e vegetais frescos, geralmente cultivados localmente e orgânicos, diretamente ao cliente ou em um ponto de coleta local, o que reduzirá o deslocamento dos produtos de áreas distantes para a cidade.

Com a proposta de não serem utilizados pesticidas ou produtos químicos, a fazenda também terá passeios educativos, workshops de team-building e eventos. A proposta do projeto é promover a resiliência ambiental e econômica nas cidades do futuro criando um modelo comercialmente viável e que não dependa de boa vontade e subsídios.

A fazenda urbana fica localizada no sudoeste de Paris, no topo de um grande centro de exposições. A maior fazenda urbana da Europa tem aproximadamente 14 mil metros quadrados e conta com mais de 30 espécies diferentes de plantas que serão cuidadas por cerca de 20 jardineiros que utilizarão métodos de cultivo inteiramente orgânicos. Ao empregar a técnica de agricultura aeropônica vertical, além de não ser necessário o uso de pesticidas, o sistema utiliza um circuito fechado de água para plantio, o que dispensa o uso de terra. Bacana né?

O projeto é liderado pela empresa Agripolis, que já conta com áreas semelhantes em faculdades, empresas e hotéis que oferecem alimentos para estudantes, funcionários e hóspedes. Por se tratar de um espaço urbano, as instalações  também contam com um bar e restaurante com vista panorâmica para a cidade com capacidade para 300 pessoas.

Muito legal o projeto, não acha? Sua cidade já conta com projetos similares de agricultura urbana? Compartilhe então conosco.

Um grande abraço e nos vemos na próxima semana.

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Como funciona o sistema de segurança de Moscou que usa o “Facebook russo” http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/06/23/conheca-o-big-brother-urbano-onde-ser-a-estrela-pode-ser-um-problema/ http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/2020/06/23/conheca-o-big-brother-urbano-onde-ser-a-estrela-pode-ser-um-problema/#respond Tue, 23 Jun 2020 07:00:44 +0000 http://cidadesmaisinteligentes.blogosfera.uol.com.br/?p=1281

Moscou lançou um dos maiores sistemas de reconhecimento facial do mundo (f9photos)

A cidade de Moscou conta com aproximadamente 170 mil câmeras de monitoramento espalhadas pela cidade que acompanham cidadãos e turistas 24 horas por dia. O sistema tem sido utilizado para identificar infrações e crimes, bem como monitorar atividades realizadas pela prefeitura. O projeto vem sendo gerenciado pelo governo local nos últimos anos em parceria com a iniciativa privada e cidadãos, reduzindo a necessidade de investimento do dinheiro público. Já foram investidos mais de US$ 250 milhões ( R$1,3 bilhão) ao longo dos últimos anos.

Nos últimos cinco anos, o governo de Moscou intensificou os esforços para implantar câmeras ao redor da cidade que permitem um controle de atividades em áreas públicas 24 horas por dia, sete dias por semana. As câmeras foram instaladas em diversos lugares, de entrada de edifícios ao sistema de metrô, que auxiliam a administração pública a verificar se o lixo é coletado, se algum veículo ultrapassa o limite de velocidade, se a neve foi retirada de vias públicas ou se algum anúncio ilegal está nas ruas da cidade. Além disso, o município diz que os índices de criminalidade caíram drasticamente após a implantação do sistema. De acordo com o departamento de informação de Moscou, 75 mil infrações são flagradas por dia o que, geralmente, resulta em multas.

A longo prazo, Moscou planeja usar a tecnologia para registrar evidências e investigar crimes, além de coletar informações durante as eleições. Para isso, o município está trabalhando para tornar o sistema mais inteligente de modo que as imagens de vídeo possam ser analisadas mais profundamente e o próprio sistema passe a emitir as multas. 

Dmitry Golovin, que lidera a divisão de vigilância por vídeo do Departamento de TI de Moscou, revelou durante o fórum Security Technologies que das 170 mil câmeras, boa parte já está conectada a um sistema de reconhecimento facial que compara automaticamente imagens ao vivo aos bancos de dados de pessoas procuradas pela polícia, seja por crimes que já aconteceram ou suspeitos de atividades terroristas. A tecnologia, que também está integrada à versão russa do Facebook, VKontakte, e o banco de dados de passaportes, tem sido usada há alguns anos, mas foi só recentemente conectada aos dados da polícia, o que colaborou para que, nos dois primeiros meses de funcionamento, seis procurados por crimes graves fossem presos.

O “Big Brother” russo tem preocupado habitantes e turistas em relação à sua privacidade. Segundo autoridades do governo, as câmeras são utilizadas somente por serviços de segurança para prenderem criminosos e é possível vê-las claramente, mas não há qualquer sinal indicando a presença delas. 

A Rússia tem trabalhado em conjunto com a China para desenvolver o seu sistema de vídeo vigilância urbana em Moscou, tendo a maioria das câmeras instaladas na entrada de edifícios e locais públicos. A população também tem a liberdade de conectar as suas próprias câmeras ao sistema e todas as informações capturadas são enviadas para o Centro Geral de Armazenamento e Processamento de Dados. 

O projeto de introdução de câmeras inteligentes foi lançado na capital russa em 2017, quando mais de três mil câmeras foram conectadas ao sistema de reconhecimento facial. Em 2018, quando o país sediou a Copa do Mundo da Fifa, a iniciativa se tornou de conhecimento público quando a polícia prendeu durante o evento mais de 180 pessoas que estavam foragidas.

Atualmente, entre a polícia e agências de segurança federais e regionais, mais de 16 mil usuários têm acesso ao sistema de monitoramento com níveis de acesso diferentes e todas as interações com o sistema ficam registradas. A polícia, por exemplo, deve solicitar informações específicas, de acordo com a lei atual, e as agências federais só podem acessar as câmeras nas áreas e rotas pelas quais são responsáveis.

Vários projetos relacionados a novas tecnologias aplicadas à segurança pública vêm ganhando destaque no Brasil. O carnaval de Salvador tem servido de palco para projetos pilotos em reconhecimento facial que ganharam destaque nacional. A possibilidade de integrar as câmeras privadas já existentes na cidade –como as do comércio, indústria, bares, restaurantes e condomínios– pode ser uma grande oportunidade para potencializar o aparato de segurança sem a necessidade de investimentos por parte do governo.

Tecnologias relacionadas à inteligência artificial e reconhecimento facial estão causando polêmica em todo mundo. Países com maiores índices de criminalidade, como o Brasil, tendem a serem mais flexíveis a aceitação desta troca de privacidade por segurança.

Você estaria disposto a viver nesse “Big Brother” urbano?  Deixem seus comentários e vamos aprofundar essa discussão.  Nos vemos no próximo texto.  

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